O mundo enlouqueceu… ou fui só eu?

Suponha que o mundo enlouqueça. Como saber? Mídia dominada por extremismos, público sem discernimento entre realidade e ficção, políticos repetindo mentiras, bancos imprudentes, consumidores ignorando crises ambientais. Como saber se não é só você? Asilos cheios de pessoas certas de sua sanidade, questionando a lucidez alheia diante de teorias de conspiração, abduções alienígenas ou sinais divinos.
Escrito por Joseph Heath
Traduzido por Luan Rafael Marques de Oliveira
Crédito: Gerada por IA.




  1. Jacoby, The Age of American Unreason. ↩︎
  2. A frequência de eventos climáticos extremos nos anos recentes elevou a taxa desde então para 50 por cento. ↩︎
  3. Cathy Lynn Grossman, “Poll: 83% Say God Answers Prayers, 57% Favor National Prayer Day,” USA Today (May 4, 2010). ↩︎
  4. Veja Stanovich, Decision Making and Rationality, pp. 95–124; também Stanovich, The Robot’s Rebellion, p. 155. O artigo que serviu como o foco de muita discussão foi L. Jonathan Cohen, “Can Human Irrationality Be Experimentally Demonstrated?” Behavioral and Brain Sciences, 4 (1981): 317–70. ↩︎
  5. Estritamente falando, isso maximiza a atribuição de crenças verdadeiras. Veja Donald Davidson, “On the Very Idea of a Conceptual Scheme,” Proceedings and Addresses of the American Philosophical Association, 47 (1973–1974): 5–20. ↩︎
  6. Joseph Heath, “Problems in the Theory of Ideology,” em William Rehg and James Bohman, eds., Pluralism and the Pragmatic Turn: The Transformation of Critical Theory; Essays in Honor of Thomas McCarthy (Cambridge, MA: MIT Press, 2001). ↩︎
  7. P. ex., Gigerenzer, Gut Feelings. ↩︎
  8. Clark, Being There, p. 191. ↩︎
  9. Esse é o estudo NISMART-2 feito pelo Departamento de Justiça dos EUA: David Finkelhor, Heather Hammer, and Andrea J. Sedlak, “Nonfamily Abducted Children: National Estimates and Characteristics,” NISMART: National Incidence Studies of Missing, Abducted, Runaway, and Thrownaway Children (Washington, D.C.: U.S. Department of Justice, Office of Justice Programs, Office of Juvenile Justice and Delinquency Prevention, October 2002), http://www.missingkids.com/en_US/documents/nismart2_nonfamily.pdf (acessado em 11 de maio de 2013). ↩︎
  10. Esse exemplo foi tirado de uma brilhante discussão de Frances Woolley, “Over-selling Soap,” Worthwhile Canadian Initiative (December 2, 2010), http://worthwhile.typepad.com/worthwhile_canadian_initi/2010/12/the-news-item-dominated-the-new-york-times-most-popular-list-for-weeks-for-your-dishwashers-sake-go-easy-on-the-detergent.html (acessado em 11 de maio de 2013). ↩︎
  11. Veja a discussão sobre efeitos de ancoragem no capítulo 5. ↩︎
  12. Observação original de Jean Piaget, Six Psychological Studies (New York: Random House, 1967). ↩︎
  13. Woolley, “Over-selling Soap.” ↩︎
  14. Stanovich, Rationality and the Reflective Mind, p. 21. ↩︎
  15. N. B. Davies, Cuckoos, Cowbirds and Other Cheats (London: T. & A. D. Poyser, 2000), pp. 104–5. ↩︎
  16. Brian Hare and Vanessa Woods, The Genius of Dogs: How Dogs Are Smarter Than You Think (New York: Penguin, 2013), pp. 119–21. ↩︎
  17. Mary F. Wilson and Anna Traveset, “The Ecology of Seed Dispersal,” em Michael Fenner, ed., Seeds, 2nd edn. (New York: CABI, 2000). ↩︎
  18. É por isso que há algo suspeito sobre as pessoas que alegam não gostar de fast-food. Claro que não há dúvida de que alguns são capazes de cultivar um desgosto por esse tipo de comida, frequentemente canalizando o nojo que sentem pela classe social do consumidor de fast-food mediano. Mas negar que hambúrgueres, pizzas ou burritos se comunicam com você em algum nível me parece pouco mais que uma tentativa de negar a sua humanidade essencial. Vê-los como o resultado de um processo evolutivo incrivelmente competitivo é central para entender o seu apelo. ↩︎
  19. Essa é uma das teses centrais do livro altamente influente de Jared Diamond sobre o contato europeu com as Américas: Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies (New York: W. W. Norton, 1997). Diamond defende que a Europa e a Ásia vinham em essência trocando doenças entre si havia séculos, resultando em ambas as populações compartilharem um agregado incrivelmente amplo de vírus e terem altos níveis de imunidade adquirida. As Américas, em parte por causa da sua geografia norte-sul, não teve a mesma troca de doenças, e assim tinha um estoque relativamente pequeno de vírus e muito pouca imunidade. Os europeus tiveram séculos para se adaptar aos vírus que carregavam consigo. Quando esse lote inteiro de vírus altamente contagiosos foi introduzido todo de uma vez nas Américas, o resultado foi a completa extinção da população indígena em certas áreas. ↩︎
  20. Norbert Elias, The Civilizing Process, Vol. 1 (Oxford: Blackwell, 1969). ↩︎
  21. Don Ross and Harold Kincaid, “Introduction,” em Don Ross, Harold Kincaid, David Spurrett, and Peter Collins, eds., What Is Addiction? (Cambridge, MA: MIT Press, 2010), p. ix. ↩︎
  22. Wolff, Ethics and Public Policy, pp. 52–53. ↩︎
  23. Veja Natasha Dow Schüll, Addiction by Design (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2012). ↩︎
  24. Para uma discussão geral, veja Ron Larson, “Core Principles for Supermarket Aisle Management,” Journal of Food Distribution Research, 37 (2006): 107–11 ↩︎

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Sobre o(s) autor(es):

Joseph Heath

Joseph Heath, filósofo canadense e professor na Universidade de Toronto, é conhecido por suas críticas a movimentos contraculturais e mitos econômicos em obras como “The Rebel Sell” e “Filthy Lucre”. Ele desenvolve uma abordagem de “falhas de mercado” na ética empresarial, argumentando que o mercado promove eficiência, mas requer regulamentação para evitar abusos. Heath recebeu o Prêmio Shaughnessy Cohen de Escrita Política e é membro da Royal Society of Canada. Seu trabalho visa restaurar a sanidade na política e economia contemporâneas, explorando temas como justiça social e os limites do papel do estado na economia.

Sobre o tradutor:

Luan Rafael Marques de Oliveira

Luan Rafael Marques de Oliveira é Doutorando e Mestre em filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduado em filosofia (bacharelado) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sendo bolsista de doutorado no Capes/Prosuc na PUC-Rio, pesquisa sobre o tema do livre arbítrio, responsabilidade moral e utilitarismo; e sendo bolsista de mestrado no CNPq na PUC-Rio, pesquisou sobre o tema do livre arbítrio e da responsabilidade moral, defendendo uma visão cética sobre o assunto. Tem interesse na área da ética (metaética, ética normativa (utilitarismo) e aplicada (altruísmo eficaz, longotermismo, segurança da IA), ética animal, responsabilidade moral, justiça criminal), filosofia da mente (problema do livre arbítrio, problema da consciência), filosofia política (sua relação com teorias científicas da natureza humana), filosofia da biologia, filosofia da psicologia e filosofia das ciências sociais.

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