Conheça a ABPBE
Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidências
A Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidências (ABPBE) é uma organização sem fins lucrativos, fundada por estudantes, pesquisadores e profissionais insatisfeitos com o cenário atual da psicologia no Brasil, especialmente pela formação científica deficitária e com o uso de práticas que não apresentam boas evidências.
A ABPBE surgiu como um espaço para facilitar, disseminar e incentivar a adoção de teorias e práticas em psicologia baseadas em evidências, bem como combater as pseudociências, fraudes científicas, pesquisas antiéticas e desinformações na psicologia.
- Missão
- Visão
- Valores
Facilitar, disseminar e incentivar a adoção de teorias e práticas psicológicas baseadas em evidências, bem como criar um espaço para reunir a comunidade que defende os mesmos ideais.
A revolução da maneira de se estudar e praticar psicologia no Brasil, tendo como critério a adoção de teorias bem fundamentadas e dos princípios da Prática Baseada em Evidências.
Ter a coragem de lutar por uma psicologia científica diante de um cenário de negacionismo e disseminação de pseudociências.
Promover a formação de crenças baseadas em boas razões epistêmicas e morais.
Ser capaz de adotar ou abandonar visões teóricas com base nas evidências que apresentam, abrindo mão dos apegos e identificações pessoais.
Prezar pela maximização do bem-estar e da saúde, bem como a minimização de danos e do sofrimento.
Guiar-nos pelos três pilares da Prática Baseada em Evidências: as melhores evidências científicas disponíveis; a competência profissional; e as preferências, características e contexto de cada sujeito.
Objetivos da ABPBE
Realização de estudos e pesquisas relacionados à Psicologia Baseada em Evidências;
Promoção de atividades e disseminação de informações que contribuam na formação acadêmica e profissional sobre Psicologia Baseada em Evidências;
Combate às pseudociências, fraudes científicas, pesquisas antiéticas e desinformações na área de psicologia;
Incentivo à realização de atividades que colaborem para a maximização do bem-estar dos seres humanos e de outros animais sencientes;
Colaboração com outras áreas do conhecimento no desenvolvimento e promoção de práticas e teorias baseadas em evidências;
Promoção e facilitação a cooperação entre pesquisadores, profissionais e estudantes de Psicologia Baseada em Evidências e áreas afins;
Nosso manifesto
Na psicologia, ainda é tradição se apresentar uma grande diversidade de abordagens teóricas e terapêuticas durante a formação dos estudantes, deixando a cargo dos mesmos fazer uma escolha. O único critério pregado como relevante é o nível de afinidade e identificação pessoal que eles sentem por determinada abordagem. Consoante a isso, também é pregado que todas as abordagens são igualmente dignas de confiança, mesmo que na realidade muitas delas sejam inconsistentes entre si e não tenham apoio em boas evidências científicas. Tudo isso é justificado com base em uma noção relativista ingênua sobre teorias psicológicas: supostamente, cada um teria a sua própria “verdade” com relação a elas. Como se não bastasse tudo isso, há um nítido desprezo pela tentativa de se fazer psicologia cientificamente; desprezo esse que se apoia em críticas descabidas, como a de que essa aproximação da ciência seria antiética, que levaria à desconsideração da subjetividade e que conduziria ao descaso com a saúde mental. Entretanto, essa visão, que reina soberana na atualidade, não pode mais continuar inquestionada.
Somos um movimento de estudantes, profissionais e pesquisadores que levantam críticas sobre esses postulados do sistema vigente na Psicologia brasileira e defendem uma Psicologia Baseada em Evidências. Segundo nossa perspectiva, o que deve determinar a escolha de uma intervenção ou teoria psicológica são as evidências que temos a favor das mesmas, e não a mera preferência pessoal do psicólogo, tampouco o nome do idealizador ou a força da tradição da intervenção ou teoria. Desse modo, defendemos que seja adotado um olhar crítico sobre todas as teorias e intervenções presentes em nossa área. Isso implica aceitar apenas aquilo a favor do qual tivermos as evidências mais fortes, e abandonar tudo o que não possuir boas evidências nas quais se sustentar ou que foi superado por alternativas que se mostram mais bem fundamentadas.
É a nossa convicção que o embasamento científico não atrapalha a atividade do psicólogo. Muito distante disso, pensamos não haver possibilidade de se fazer psicologia de modo responsável sem ciência. Isso porque uma parte crucial de ser ético enquanto psicólogo, de considerar as subjetividades e de contribuir positivamente para a saúde mental é justamente a adoção de uma Psicologia Baseada em Evidências. Só podemos cuidar da saúde mental das pessoas com provas de que intervenções realmente funcionam e fazem bem para elas; só podemos compreender a subjetividade, para além dos meros relatos de casos anedóticos, com investigações robustas sobre o funcionamento psicológico humano; e só podemos ser éticos em nossa profissão tendo a honestidade de dar à população boas garantias de que as teorias e intervenções que adotamos são as mais confiáveis que temos.
Disso decorre que, para sermos dignos do título de profissionais, ou pelo menos de profissionais responsáveis, é imperativo buscarmos pelas melhores evidências disponíveis para teorias e intervenções. A psicologia não pode ir em frente sem a ciência ou a pesquisa de boa qualidade. Ainda assim, antes de qualquer má interpretação que se possa ter disso, esse é apenas o primeiro passo quando estamos falando de práticas em psicologia. É imprescindível que todo uso das evidências científicas seja contextualizado com as evidências obtidas em setting; isto significa que tanto as preferências, características e contexto do paciente quanto a competência do profissional (ou seja, a sua experiência de prática enquanto psicólogo) devem ser levadas em consideração e integradas com as melhores evidências científicas disponíveis.
É fundamental adaptar a intervenção às preferências, características e contexto do paciente. Não adianta termos boas evidências científicas sobre a eficácia de uma dada intervenção sem sabermos se ela se adequa à realidade e às particularidades do sujeito que a recebe. Da mesma forma, competência profissional é indispensável. Não basta saber quais são as melhores evidências científicas e saber se elas se adéquam ao sujeito em questão, se o profissional não souber de fato como aplicar esses conhecimentos. É fundamental que ele tenha o conhecimento prático de como realizar as intervenções e domine as competências necessárias para conduzi-las a fim de garantir bons resultados.
Em resumo, as melhores evidências científicas disponíveis, a competência profissional e as preferências, características e contexto do sujeito devem ser integrados dentro de qualquer intervenção. Quando isto ocorre, podemos afirmar que os princípios de uma Prática Baseada em Evidências estão sendo cumpridos. Nós, defensores da Psicologia Baseada em Evidências, defendemos que todos os profissionais de psicologia deveriam segui-los. Pensamos isso por defendermos que a psicologia, como profissão, tem como dever servir à sociedade, que necessita de seus serviços dentro do seu campo de investigação. A população confia nos profissionais de psicologia para auxiliar com as demandas de saúde mental; outras ciências confiam nos profissionais de psicologia para fornecer conhecimento sobre o comportamento e a cognição humana; e o Estado confia nos profissionais de psicologia para orientar diversas políticas públicas e avaliar seus resultados práticos. Ao não fazermos o nosso melhor para produzir teorias e intervenções muito bem embasadas e dignas de confiança, desonramos nosso compromisso e papel social relativamente a todas essas instituições e atores sociais. Repassar à sociedade, por divulgação científica, orientações profissionais e práticas clínicas, o que sabemos sobre psicologia é uma tarefa extraordinária e única, mas que implica enorme responsabilidade sobre tudo aquilo que defendemos e aplicamos.
Diante de um contexto de disseminação de desinformação, de institucionalização das pseudociências e de ativismo negacionista, a Psicologia Baseada em Evidências se posiciona como um fundamento ético e epistêmico para o exercício da atividade do psicólogo e para o desenvolvimento científico. Defendemos a necessidade de uma revolução estrutural na maneira de se estudar e praticar psicologia no Brasil, tendo como novo critério a adoção de teorias bem fundamentadas e dos princípios da Prática Baseada em Evidências. De modo a tornar essa visão realidade, fundamos a Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidências, que proporcionará um espaço para reunir a comunidade que defende os mesmos ideais no nosso país.